Se a história, como diz Marx, é o modo próprio
como as sociedades produzem suas condições materiais
de existência e suas correspondentes formas de
consciência e representação, a geografia não é senão a
espacialidade inerente a essas relações de produção e
reprodução da vida social. O intercâmbio material do
metabolismo sociedade-natureza, mediado pelo trabalho,
constitui a base primeira sobre a qual as categorias
de análise derivam tanto como dimensão da práxis
quanto das formas de abstração e concreção do real. É
nesse sentido que a montagem de uma geografia histórica
do capitalismo a contrapelo, como quer Walter
Benjamin, pressupõe a elucidação do presente histórico
mediante a consciência crítica sobre o amontoado
de catástrofes produzidas pelo motor das contradições
da luta de classes e, ao mesmo tempo, a abertura da
possibilidade de análise do passado como tradição dos
oprimidos em sua luta de resistência contra a obsessão
do capital em tornar-se totalidade.
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